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O outro lado do excepcionalismo americano

CAMBRIDGE - Quando eu comecei a lecionar na Escola Kennedy de Harvard em meados da década de 80, a competição com o Japão era a preocupação dominante da política econômica americana. O livro Japan as Number One (“Japão como Número 1”, em tradução livre do inglês), então o maior especialista em Japão, Ezra Vogel, dava o tom do debate.

Eu me lembro de ficar embasbacado à época pelo grau com que a discussão, mesmo entre acadêmicos, era colorida por uma certa noção de direito americano à preeminência internacional. Os Estados Unidos não podiam deixar o Japão dominar setores-chave e tinham de responder com suas próprias políticas industriais e comerciais - não só porque elas poderiam ajudar a economia americana, mas também porque os EUA simplesmente não podiam ser o número 2.

Até então, eu vinha pensando que o nacionalismo agressivo fosse uma característica do Velho Mundo - sociedades inseguras desconfortáveis com sua posição internacional e se recuperando de injustiças históricas reais ou percebidas. As elites americanas, ricas e seguras, podem ter valorizado o patriotismo, mas a perspectiva global delas tendia para o cosmopolitismo. Só que um nacionalismo de soma zero não estava longe da superfície, o que ficou claro uma vez que o lugar da América no topo do totem econômico mundial foi ameaçado.

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