NOVA YORK – Muitos americanos podem ver que votar no presidente americano, Donald Trump, é equiparável a endossar o nacionalismo branco e o tipo de pensamento mágico conspiratório que refuta ameaças reais como a pandemia e o aquecimento global. Porém, também é preciso admitir que deixar de votar contra Trump na eleição deste ano é por si só uma forma de colaboração com um ataque já em curso à democracia.
Hoje a América está ameaçada não só pelo autoritarismo mas pelo fascismo, que opera como um culto explicitamente antidemocrático centrado em torno de uma liderança que promete restauração nacional ante uma humilhação supostamente causada por minorias, liberais e marxistas. Como o fascismo glorifica a violência e a militarização da política, devemos ficar alertas ao fato de Trump ter se recusado a assumir compromisso com uma transferência pacífica do poder. Ainda que o uso frequente que ele faz de retórica antidemocrática seja somente uma tática para desviar a atenção de seu fracasso em cuidar da pandemia de covid-19, tal linguagem de um líder eleito é altamente perigosa e deveria chocar cidadãos em qualquer democracia.
Mas muitos americanos não estão nada chocados. Ao normalizar discurso e ideologia antidemocráticos, Trump está cada vez mais normalizando também um governo autoritário. Por isso esta eleição tem de ser compreendida como uma batalha pela sobrevivência da própria democracia americana. A estratégia de Trump de enfraquecer as regras democráticas e a legitimidade da eleição está cada vez mais, e de modo assombroso, lembrando a destruição das democracias latino-americanas nas décadas de 60 e 70, quando ditadores criaram um clima em que atos anteriormente considerados ilegais de uma hora para outra se tornaram o novo padrão.
To continue reading, register now.
Subscribe now for unlimited access to everything PS has to offer.
Subscribe
As a registered user, you can enjoy more PS content every month – for free.
Register
Already have an account?
Log in
NOVA YORK – Muitos americanos podem ver que votar no presidente americano, Donald Trump, é equiparável a endossar o nacionalismo branco e o tipo de pensamento mágico conspiratório que refuta ameaças reais como a pandemia e o aquecimento global. Porém, também é preciso admitir que deixar de votar contra Trump na eleição deste ano é por si só uma forma de colaboração com um ataque já em curso à democracia.
Hoje a América está ameaçada não só pelo autoritarismo mas pelo fascismo, que opera como um culto explicitamente antidemocrático centrado em torno de uma liderança que promete restauração nacional ante uma humilhação supostamente causada por minorias, liberais e marxistas. Como o fascismo glorifica a violência e a militarização da política, devemos ficar alertas ao fato de Trump ter se recusado a assumir compromisso com uma transferência pacífica do poder. Ainda que o uso frequente que ele faz de retórica antidemocrática seja somente uma tática para desviar a atenção de seu fracasso em cuidar da pandemia de covid-19, tal linguagem de um líder eleito é altamente perigosa e deveria chocar cidadãos em qualquer democracia.
Mas muitos americanos não estão nada chocados. Ao normalizar discurso e ideologia antidemocráticos, Trump está cada vez mais normalizando também um governo autoritário. Por isso esta eleição tem de ser compreendida como uma batalha pela sobrevivência da própria democracia americana. A estratégia de Trump de enfraquecer as regras democráticas e a legitimidade da eleição está cada vez mais, e de modo assombroso, lembrando a destruição das democracias latino-americanas nas décadas de 60 e 70, quando ditadores criaram um clima em que atos anteriormente considerados ilegais de uma hora para outra se tornaram o novo padrão.
To continue reading, register now.
Subscribe now for unlimited access to everything PS has to offer.
Subscribe
As a registered user, you can enjoy more PS content every month – for free.
Register
Already have an account? Log in