zizek20_Jack TaylorGetty Images_assange Jack Taylor/Getty Images

Sem delatores, o Ocidente está perdido

LIUBLIANA – No início deste mês, a CNN noticiou que um tribunal britânico negou ao fundador da Wikileaks, Julian Assange, “autorização para recorrer de uma ordem de extradição para os Estados Unidos, onde enfrenta acusações criminais ao abrigo da Lei da Espionagem”. Embora a equipa jurídica de Assange continue a estudar as suas opções, a corda à volta do seu pescoço está claramente a apertar. Esta não é a melhor altura para ele. As autoridades norte-americanas e britânicas que o perseguem podem dar-se ao luxo de esperar que qualquer interesse público remanescente no seu caso diminua perante as guerras, as alterações climáticas, a ansiedade em relação à inteligência artificial e outras questões globais.

Mas se quisermos gerir esses desafios, precisaremos de pessoas como Assange. Quem mais poderá denunciar todos os abusos e verdades inconvenientes que os detentores do poder querem manter em segredo – sejam crimes de guerra ou descobertas internas das empresas de redes sociais sobre o que as suas plataformas estão a fazer às adolescentes?

O recente ataque de drones em pequena escala ao Kremlin é um exemplo disso. Embora o governo ucraniano tenha negado qualquer envolvimento (atribuindo-o às forças da oposição russa), o presidente russo, Vladimir Putin, denunciou-o prontamente como sendo um “ato terrorista” e alguns observadores ocidentais queixaram-se de que os ucranianos estavam a ir longe demais com a guerra. Mas o que é que aconteceu realmente? O facto de não sabermos significa que os acontecimentos desenrolam-se sob um perigoso nevoeiro de guerra.

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