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Melhores empregos significam melhor desenvolvimento

CAMBRIDGE – A economia convencional sempre teve um ponto cego quando se trata de empregos. É um problema que começa com Adam Smith, que pôs o consumidor, em vez do trabalhador, no trono da vida econômica. O que importa para o bem-estar, dizia ele, não é como ou o que produzimos, mas se podemos consumir nosso pacote preferido de bens e serviços.

Desde então, a economia moderna codificou essa abordagem capturando o bem-estar individual na forma de uma função de preferência definida em relação ao nosso pacote de consumo. Maximizamos a “utilidade” selecionando os bens e serviços que nos trazem mais satisfação. Embora cada consumidor também seja um trabalhador de algum tipo, os empregos entram na equação apenas de modo implícito através da renda que fornecem, determinando quanto dinheiro temos disponível para gastar em consumo.

No entanto, a natureza do trabalho de alguém tem implicações muito além do orçamento. Empregos são uma fonte de dignidade pessoal e reconhecimento social. Eles ajudam a definir quem somos, como contribuímos para a sociedade e a estima que a sociedade, por sua vez, nos confere. Sabemos que os empregos são importantes porque as pessoas que os perdem tendem a experimentar reduções grandes e persistentes na satisfação com a vida. O equivalente monetário de tais quedas é tipicamente um múltiplo da renda de uma pessoa, tornando a compensação por meio de transferências governamentais (como seguro-desemprego) inviável em termos práticos.

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