pa3881c.jpg

O Povo versus a Polícia

NOVA IORQUE – Os políticos da América, ao que tudo indica, tiveram o seu limite de democracia. Em todo o país, a polícia, agindo sob ordens de autoridades locais, está a pôr termo aos acampamentos de protesto, criados pelos apoiantes do movimento Occupy Wall Street (OWS) – por vezes com violência chocante e totalmente gratuita.

No pior incidente até agora registado, centenas de polícias, munidos de capacetes, máscaras e escudos, cercaram o acampamento Occupy Oakland e dispararam balas de borracha (que podem ser fatais), granadas flash, e latas de gás lacrimogéneo – com alguns agentes a apontar diretamente para os manifestantes. Na página do Twitter do movimento Occupy Oakland, pode ler-se um género de relatório feito na praça central do Cairo, Tahier Square: "eles estão a cercar-nos"; "centenas e centenas de polícias"; "há veículos blindados e Hummers". Houve 170 detenções.

A minha recente detenção, enquanto obedecia às condições de uma manifestação autorizada, calma e pacífica, numa das ruas da baixa de Manhattan, revelou a realidade desta repressão perto de casa. A América está a despertar para o que foi construído enquanto dormia: empresas privadas contrataram a polícia (JPMorgan Chase deu $4,6 milhões à Fundação New York City Police); o Departamento Federal de Segurança Interna deu pequenos sistemas de armas de nível militar às polícias municipais; os direitos dos cidadãos à liberdade de expressão e à reunião foram sorrateiramente enfraquecidos por requisitos de autorização muito pouco transparentes.

https://prosyn.org/I0CQpQKpt