A Marcha Global para a Paz

CAMBERRA – Se ansiávamos pela paz nestes tempos, o ano de 2012 não a trouxe. O conflito tornou-se ainda mais sangrento na Síria, continuou a martirizar o Afeganistão e foi frequentemente reavivado na África Ocidental, Central e Oriental. Houve vários episódios de violência causada por razões étnicas, sectárias e políticas em Mianmar (Birmânia), no Sul da Ásia e no Médio Oriente. As tensões entre a China e os seus vizinhos aumentaram no Mar da China Meridional e, entre a China e o Japão, no Mar da China Oriental. As questões relacionadas com os programas nucleares da Coreia do Norte e do Irão permanecem sem solução.

E ainda assim, muitas das irrupções que se temiam a nível nacional e entre Estados não ocorreram. A forte pressão internacional ajudou a refrear rapidamente a Segunda Guerra de Gaza. Um acordo de paz há muito procurado foi garantido para a ilha de Mindanau, no sul das Filipinas. Foram dados passos consideráveis com vista a uma paz sustentável e reconciliação em Mianmar. Não houve registo de qualquer tragédia significativa de genocídio. E, apesar da paralisia do Conselho de Segurança das Nações Unidas em relação à Síria, os Estados-Membros da Assembleia Geral da ONU deixaram claro que continuariam a aceitar de forma indiscutível a responsabilidade de proteger as potenciais vítimas de crimes atrozes em massa.

A verdadeira história foi ocultada, como sempre, pela preocupação diária dos órgãos de comunicação social a respeito do derramamento de sangue em curso: Durante as duas últimas décadas, as grandes guerras e os episódios de violência em massa em todo o mundo tornaram-se muito menos frequentes e mortais. Após o auge que se verificou no final de 1980 e muito no início de 1990, houve uma redução de mais de 50% no número de grandes conflitos, quer entre Estados quer a nível interno, no número de genocídios e de outros crimes atrozes em massa e no número de pessoas que morreram em consequência desses crimes.

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