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A estrada norte-coreana de Trump para nenhures

ATLANTA – Quando o presidente dos EUA, Donald Trump, voltar a encontrar-se no próximo mês com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, estará a representar o segundo acto da comédia de costumes em que se tornou a política externa dos EUA para a península coreana. Entre os billets-doux (NdT: em francês no original; “cartas de amor”) de Kim à Casa Branca e os efusivos elogios de Trump a Kim, o guião poderia ter sido escrito por Oscar Wilde. Como em qualquer outra farsa de sala de visitas, o enredo é muito simples: Kim comprometer-se-á a abandonar um dia as suas armas nucleares, ao mesmo tempo que oculta de forma faceira quaisquer detalhes sobre o programa que as produz, e Trump prometerá jorrar riqueza sobre a dinastia Kim se este o fizer.

Mas é evidente que esta peça é mais uma tragédia que uma comédia. Tal como as ameaças de Trump de abandonar alianças de longa data, de retirar forças dos EUA de regiões importantes do ponto de vista estratégico, e de desfazer acordos comerciais, a perspectiva de mais intervenções presidenciais irreflectidas está a enervar os aliados, os soldados, os diplomatas e até mesmo alguns políticos dos EUA.

Existem bons motivos para preocupação, dado o resultado da cimeira entre os dois líderes decorrida em Singapura no passado mês de Junho. A ingénua aceitação de Trump das promessas vãs de Kim durante os últimos meses não fez mais que erodir a vantagem dos EUA na Coreia do Sul e noutros sítios. O Norte prosseguiu o seu programa de mísseis balísticos; e através das suas aberturas à Coreia do Sul e à China, Kim conseguiu enfraquecer as sanções ao seu regime.

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