Dar aos estados cumpridores o que lhes é devido

MADRID - O triunfo da democracia e da economia baseada no mercado - o “Fim da História”, como o filósofo político norte-americano Francis Fukuyama celebremente apelidou - que foi proclamado ser inevitável com a queda do Muro de Berlim, cedo se revelou ser pouco mais do que uma miragem. No entanto, após a “pirueta”, intelectual da China para manter o domínio de um só partido, ao mesmo tempo que abraça o credo capitalista, intérpretes da história desviaram a sua atenção para a economia: nem todos seriam livres e elegeriam o seu governo, mas a prosperidade capitalista manteria o domínio mundial.

Agora, no entanto, o tumulto económico agita a Europa, a erosão da classe média no Ocidente e as crescentes desigualdades sociais em todo o mundo estão a prejudicar a reivindicação do capitalismo para o triunfo universal. Questões difíceis estão a ser colocadas: Está o capitalismo, tal como o conhecemos, condenado? O mercado já não consegue gerar prosperidade? É a marca da China de capitalismo de Estado uma alternativa e um paradigma potencialmente vitorioso?

O profundo exame de consciência provocado por tais questões alimentou um crescente reconhecimento de que o sucesso do capitalismo não depende só da política macro-económica ou dos indicadores económicos. Assenta no alicerce da boa governação e no Estado de Direito - por outras palavras, num estado cumpridor. O Ocidente subestimou a importância fundamental deste assunto enquanto combatia o comunismo.

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