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A próxima fase da Guerra Fria Quente

WASHINGTON (D.C.) – Após um ano de grandes surpresas, liderado pela invasão da Ucrânia pela Rússia, pela alta global das taxas de inflação e pelo colapso dos empreendimentos de criptomoedas, que tipo de ano 2023 mostrará ser? Esse tipo de pergunta de curto prazo é difícil de responder, porque as repercussões dos acontecimentos se espalharam de modo bastante rápido e imprevisível pelo nosso mundo globalizado. Mas os últimos 12 meses destacaram uma grande tendência que moldará o que acontecerá a seguir, em 2023 e além: o declínio da Rússia.

Agressão russa não é novidade. Moscou vem invadindo outros países desde meados da década de 1990, além de ter ocupado partes do território ucraniano desde 2014. Mas a brutalidade dos ataques da Rússia desde o final de fevereiro supera em muito o que é aceitável para a maioria dos países. A fase mais recente, com a destruição da infraestrutura energética civil, é amplamente vista como o equivalente a um crime de guerra. É improvável que mude o curso da guerra, que a Rússia está perdendo.

No quadro mais amplo, a Rússia voltou a entrar num período de declínio secular, durante o qual terá acesso restrito a investimentos, tecnologia ou bens de consumo do  Ocidente. Os impérios da Rússia já entraram em colapso antes, em 1917-18 e de novo quando a União Soviética implodiu, em 1989-91. Em ambos os casos, o colapso demorou um pouco para ganhar ritmo, para em seguida se mostrar bastante completo. É claro que, historicamente, a Rússia também conseguiu retomar o controle, usando seus próprios recursos durante a Guerra Civil de 1917-22 e recebendo muita ajuda das empresas ocidentais durante a década de 1990.

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