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Abandonar a moeda africana da era colonial será difícil, mas poderá ser sensato

LONDRES – Sair de uma união monetária de longa data – como propõem fazer o Burkina Faso, o Mali e o Níger, com o abandono da zona do franco CFA, constituída por estados da África Ocidental que usam a moeda apoiada pela França e indexada ao euro – não é uma decisão que deva ser tomada de ânimo leve. Para os membros que saem, em particular, os acordos monetários alternativos poderão ser inatingíveis e podem ser ignoradas soluções mais adequadas.

Além disso, apesar de outras antigas colónias francesas – como a Tunísia em 1958, a Argélia em 1964 e a Mauritânia e Madagáscar em 1973 – terem abandonado com êxito a zona do franco, o contexto era o de Bretton Woods. Nessa altura, a ordem do dia consistia em controlos de capital abrangentes, um forte apoio internacional à descolonização (notavelmente, dos Estados Unidos) e mudanças simbólicas, em vez de substantivas, nas indexações cambiais – circunstâncias propícias que já não se aplicam.

Não obstante, o abandono da zona do franco CFA poderá ser sensato. A zona encontra-se estagnada há muito, as incertezas já foram reforçadas pelos problemas de segurança e de governação enfrentados por estes países, e o profundo sentimento de ilegitimidade da moeda enquanto símbolo de uma hegemonia francesa continuada constitui uma vulnerabilidade permanente.

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