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A Revolução Acéfala do Egipto

CAIRO – “O homem que me ensinou a sacrificar o coração pelo Egipto está morto,” disse Vivian Magdi, lamentando o seu noivo. Michael Mossad foi morto na zona de Maspiro a 9 de Outubro, quando um veículo blindado o atingiu durante um protesto organizado para condenar um ataque a uma Igreja Egípcia na região meridional de Assuão. O protesto provocou 24 mortos e mais de 200 feridos – um preço mais alto que o exigido pela chamada “Batalha dos Camelos,” quando as forças de segurança e os rufias armados do antigo Presidente Hosni Mubarak atacaram manifestantes pró-democracia na Praça Tahrir no auge da revolução.

Agora, a Praça Tahrir é mais uma vez cenário de confrontos. “É o 25 de Janeiro outra vez!” gritou um amigo, enquanto se barricava na praça. Outros ajudavam-no a montar tendas. Mais de 20.000 Egípcios encheram a Praça Tahir a 19 de Novembro, tendo pelo menos 3.000 aí pernoitado. Confrontos intermitentes com as Forças Centrais de Segurança eclodiram durante o dia, tal como tinha acontecido a 25 de Janeiro. “Eles voltaram e nós não saímos daqui... abaixo o Poder Militar... abaixo o Marechal (Tantawi),” disse-me outro manifestante.

A última onda de protestos reflecte a crescente frustração com a gestão da transição política do país feita pelo Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA), actualmente no poder. Mas os confrontos de Tahrir destacam outro problema. Ao contrário das revoltas Egípcias de 1882, 1919, e 1952, a revolução de 2011 não tem um líder. Isso representou uma fonte de força durante a queda da ditadura de Mubarak; agora é uma fonte de fraqueza.

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