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O elo perdido do desenvolvimento econômico

CAMBRIDGE – Não é preciso ser neurocientista para entender que seu cérebro determina o que você vê no mínimo tanto quanto os objetos da percepção o fazem. Isto é ainda mais evidente no mundo social, que geralmente reflete conceitos – como liberdade, democracia, corrupção ou pobreza – que as pessoas já têm em mente. Mas, se você é um economista, sua mente foi treinada para enxergar o mundo pela camada adicional dos incentivos.

Incentivos estão em toda parte, e a economia vem desenvolvendo um modelo de trabalho conceitual rico e sutil para entender todas as formas pelas quais eles podem sofrer distorções. Falamos em dano moral, seleção adversa, problemas de recursos comuns, problemas de agência, externalidades, busca de renda, exclusividade, rivalidade e poder de mercado. Com estes conceitos, economistas podem explicar por que alguém talvez faça pouco algo bom (como investir, trabalhar ou oferecer bens públicos) ou muito algo ruim (como tomar riscos impulsivos ou poluir). Vistos desta maneira, a maioria dos problemas do mundo pode ser atribuída a incentivos distorcidos.

Porém, um velho ditado alerta contra enxergar todo problema como um prego simplesmente porque você tem um martelo. Embora a economia possa capturar muitas das sutilezas dos incentivos, ela desenvolveu uma paleta relativamente mais estreita para descrever capacidades e como elas crescem. Só que capacidades claramente importam. Se alguém não está fazendo algo que nós como sociedade valorizamos, pode ser porque não consegue, e não porque não quer. Esta fraqueza na economia tem consequências amplas em nossa compreensão do crescimento e desenvolvimento econômico, que tem a ver fundamentalmente com o acúmulo social de capacidades produtivas.

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