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África precisa de um boom empresarial

CAMBRIDGE – Durante décadas, África foi o continente mais dependente de matérias-primas do mundo. Ao mesmo tempo, tornou-se excessivamente dependente das importações provenientes do resto do mundo: o comércio intracontinental representa apenas 15% do total do comércio africano, em comparação com 60% na Ásia e 70% na União Europeia. É preocupante o facto de as importações de produtos manufaturados para os países africanos terem aumentado mais de 25% durante a década que terminou em 2022.

A dependência do continente em relação às importações pode ser explicada principalmente pela escassez de empresários industriais africanos. E o crescimento demográfico previsto para África e a classe média florescente sugerem que esta dependência só irá aumentar a médio prazo, com implicações significativas para a estabilidade macroeconómica, a menos que os intervenientes locais comecem a impulsionar a inovação e a criar novos produtos e serviços para satisfazer as necessidades e os desejos dos consumidores nacionais.

No entanto, o problema não é o crescimento sustentado das importações em si, especialmente quando o aumento das cadeias de valor globais e a crescente fragmentação da produção reduziram o poder das exportações como força motriz da procura a curto prazo. O problema é os países africanos participarem nas cadeias de valor globais em grande parte através de atividades rudimentares, exportando sistematicamente recursos naturais e matérias-primas primárias e importando produtos manufaturados, um desequilíbrio que empobrece o continente. Para os países africanos produtores de combustíveis fósseis, o modelo de “ida e volta”, intensivo em carbono, de exportação de petróleo bruto e de importação de petróleo refinado, tem sido dispendioso, resultando em enormes perdas por falta de eficácia e fugas de divisas. Na Nigéria, por exemplo, a abertura de uma refinaria de petróleo há muito aguardada poderia poupar ao país 26 mil milhões de dólares por ano.

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