velasco145_Amarjeet Kumar SinghAnadolu Agency via Getty Images Amarjeet Kumar Singh/Anadolu Agency via Getty Images

A submersão dos mercados emergentes

LONDRES – Era uma conversa de bastidor, online, sobre o estado do mundo. Os ganhadores do Prêmio Nobel, ex-funcionários do governo e gerentes de fundos de hedge defendiam a geoeconomia, a guerra, a inteligência artificial, os investimentos verdes, como evitar a próxima pandemia e outros tópicos nobres. Mas aqui está o que me impressionou: duas horas depois da discussão, ninguém ainda havia pronunciado a frase “mercados emergentes”.

A China surgiu, é claro, mas apenas em relação ao que poderia acontecer com Taiwan se Donald Trump retornasse à Casa Branca. O suposto milagre de crescimento da Índia no ano passado não foi mencionado. A Turquia foi citada apenas no contexto da política do Oriente Médio. África do Sul? Nada. Brasil? Refresque minha memória: onde fica o Brasil mesmo?

Que contraste com o clima de alguns poucos anos atrás. Lembro-me de um jantar na reunião anual do Banco Mundial/Fundo Monetário Internacional, durante o qual meia dúzia de ministros das finanças europeus olhavam para suas saladas e fingiam paciência enquanto um funcionário menor do Banco Popular da China recebia todas as perguntas dos investidores reunidos. Àquela época, todos queriam falar dos mercados emergentes. Seu crescimento manteve a economia mundial à tona quando as economias dos países ricos afundaram em 2008-09 e de novo em 2020.

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