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As eleições no Senegal e o futuro de África

WASHINGTON, DC – Embora o PIB do Senegal seja eclipsado pelo PIB do gigante da África Ocidental, a Nigéria, este pequeno país com uma economia aberta desempenha um papel de grande dimensão no continente, devido ao seu estatuto de “democracia consolidada”. Os senegaleses orgulham-se de nunca terem sofrido um golpe de Estado desde que se tornaram independentes de França em 1960. Este registo contrasta fortemente com o resto da região, onde, só nos últimos anos, os governos foram derrubados na Guiné, Mali, Burkina Faso, Níger e Gabão.

É claro que houve transições de poder complicadas e outras dificuldades conexas, nomeadamente com o presidente cessante do Senegal, Macky Sall, que durante muito tempo se manteve em silêncio sobre se iria recandidatar-se, violando o limite constitucional de mandatos. Sob a pressão crescente dos manifestantes que saíram às ruas, acabou por anunciar que não se candidataria a outro mandato – mas depois adiou as eleições para uma data muito posterior ao termo do seu mandato.

Após a morte de vários manifestantes e outros incidentes, o Senegal realizou finalmente eleições a 24 de março, em grande parte devido a uma decisão do Tribunal Constitucional que anulou a tentativa de Sall de prolongar o seu mandato. O presidente eleito é Bassirou Diomaye Faye, um antigo inspetor de finanças que esteve preso poucos dias antes das eleições, juntamente com o seu mentor, Ousmane Sonko. O próprio Sonko foi impedido de se candidatar e o seu partido, PASTEF (“Patriotas do Senegal”), foi dissolvido no verão passado.

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