O Médio Oriente após Assad

BERLIM - Como é que será o Médio Oriente assim que a guerra civil na Síria provocar a queda do presidente Bashar al-Assad, cujo clã tem governado o país com mão de ferro há mais de 40 anos? Dada a recente reviravolta dramática dos acontecimentos, que fez avançar a batalha na Síria para uma nova etapa, esta questão não pode mais ser evitada.

O ataque bombista bem-sucedido no círculo mais íntimo de Assad, a propagação do conflito para a capital, Damasco (e até às fronteiras com a Turquia e o Iraque) e o crescente fluxo de armas mais pesadas e de maior precisão nas mãos dos rebeldes, marcam o início do fim do jogo. Mas ninguém deve acalentar falsas esperanças em relação à mudança iminente: O regime de Assad não será suplantado por uma democracia de Estado de Direito. Por outro lado, é provável que a era pós-Assad seja ainda mais caótica e violenta, à medida que a tentativa dos oponentes do regime em ajustar contas com os apoiantes, e os conflitos, irrompem entre os vários clãs e as várias comunidades religiosas.

À semelhança com outros países árabes, uma tirania secular será substituída pela Irmandade Muçulmana sunita, que na Síria, não menos do que no Egipto e na Tunísia, representa a maioria da população. Mas, ao contrário da Tunísia e do Egipto, a mudança de regime será o resultado da guerra civil. Além de que, a influência externa será provavelmente mínima.

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