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Não podemos ignorar a queda do Sudão na violência

NOVA IORQUE – A 8 de Março, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou uma resolução que apelava ao fim imediato das hostilidades no Sudão durante o mês sagrado do Ramadão. Também instava todos os intervenientes no conflito a garantirem a prestação rápida e segura de apoio humanitário, e a respeitarem as suas obrigações ao abrigo do direito humanitário internacional, nomeadamente quanto à protecção de civis.

O conflito violento, que irrompeu no passado mês de Abril depois de um impasse entre as Forças Armadas Sudanesas e as Forças de Apoio Rápido (FAR), um poderoso grupo paramilitar, engoliu desde então mais de metade do país. Quase um ano depois, a pressão do Conselho de Segurança no sentido de um cessar-fogo e da livre circulação da ajuda é um passo em frente determinante, no seguimento dos apelos cada vez mais urgentes para uma suspensão imediata do conflito por parte da União Africana e do Secretário-Geral da ONU António Guterres. Agora, os decisores políticos têm de traduzir as palavras em acções.

A situação no Sudão é catastrófica. Metade da população – 25 milhões de pessoas – necessitam desesperadamente de ajuda humanitária. Segundo o Programa Alimentar Mundial da ONU, quase 18 milhões de pessoas enfrentam fome aguda – mais do dobro do que no ano passado – e têm de tomar decisões impossíveis para se alimentar, enquanto perto de cinco milhões (o equivalente à população da Irlanda) estão à beira da fome. Desde que o conflito começou, mais de oito milhões de pessoas foram desalojadas. Em Dezembro, o Secretário de Estado dos EUA Antony Blinken emitiu uma declaração referindo que estavam a ocorrer crimes de guerra, crimes contra a humanidade e limpezas éticas no Sudão, evocando ecos sinistros do genocídio de Darfur.

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