eichengreen163_Kent Nishimura  Los Angeles Times via Getty Images_federal reserve Kent Nishimura Los Angeles Times via Getty Images

A não tão grande inflação da América

BERKELEY – Está ficando abundantemente claro que os Estados Unidos têm um problema de inflação. O que ainda não está claro é quão grande o problema vai acabar se mostrando e quanto tempo irá durar.

Observadores alarmados notam paralelos com a década de 70, quando os preços das mercadorias dispararam, o Federal Reserve americano caiu abaixo da curva e as expectativas quanto à inflação se tornaram desvinculadas. Consumidores, produtores e trabalhadores esperavam que os preços continuassem crescendo no mesmo ritmo ou até mesmo de modo mais acelerado. Pela mesma lógica, famílias ajustaram seus gastos, sindicatos suas demandas salariais e empresas seus preços, desencadeando uma espiral inflacionária.

Hoje, em comparação, as expectativas sobre a inflação continuam firmemente ancoradas. A Pesquisa de Consumidores de Michigan mostra que os participantes esperam que a inflação fique próxima de 5% ao longo do próximo ano, antes de cair de volta a pouco mais de 2% nos quatro anos subsequentes. A taxa de inflação implícita no preço dos títulos do Tesouro indexados à inflação mostra basicamente a mesma coisa: inflação média de 2,8% ao longo dos próximos cinco anos. Podemos presumir que a inflação esperada para os anos 2023 a 2026 esteja abaixo dessa média de cinco anos, considerando-se a expectativa de 5% para 2022. Em outras palavras, não há sinal de navio arrastando a âncora.

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