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Quem quebrou a democracia americana?

PRINCETON – A narrativa atual mais popular nos Estados Unidos é de que a democracia está sob ameaça dos fanáticos do MAGA, negacionistas da eleição e republicanos que ameaçam ignorar resultados desfavoráveis (além de recrutar legalistas para supervisionar as eleições e policiar locais de votação).

Essa narrativa é verdadeira, mas só até certo ponto. Há outra história, mais antiga e com um conjunto diferente de malfeitores. É uma história em que, durante mais de 50 anos, os americanos sem diplomas têm visto suas vidas deteriorar numa série de resultados materiais, de saúde e sociais.

Embora dois terços da população adulta dos EUA não tenha um diploma universitário de quatro anos, o sistema político raramente responde às suas necessidades e com frequência implementa políticas econômicas que prejudicam essa população em prol dos interesses empresariais e dos americanos mais bem-educados. O que foi “roubado” deles não é uma eleição, mas sim o direito de participar da tomada de decisões políticas – direito supostamente assegurado pela democracia. Vistos por este prisma, os esforços deles para tomar o controle do sistema de votação não são tanto uma rejeição de eleições justas, mas mais uma tentativa de fazer as eleições darem um pouco do que eles querem.

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