eichengreen156_Jakub PorzyckiNurPhoto via Getty Images_diem Jakub Porzycki/NurPhoto via Getty Images

A ilusão das stablecoins

BERKELEY – O debate sobre as stablecoins (criptomoedas cujo valor é estável) já percorreu um longo caminho desde que o Facebook anunciou a criação da Libra (agora rebatizada como Diem) há exatamente quase dois anos. Um canto obscuro da esfera digital que era mal compreendido na época está agora sujeito a um escrutínio cada vez mais intenso por parte dos banqueiros centrais, reguladores e investidores. As apostas, inclusive para a estabilidade financeira, são altas. A capitalização de mercado, ou oferta circulante, só das quatro principais stablecoins ​​em dólares ultrapassa os 100 mil milhões de dólares.

Mas uma análise mais rigorosa não significa uma melhor compreensão. Comecemos pela crença de que as stablecoins são intrinsecamente estáveis ​​porque são “totalmente colateralizadas”. A questão, claro, é: colateralizadas pelo quê?

Os investidores ingénuos que investem em moedas atreladas ao dólar presumem que a garantia assume a forma de dólares mantidos em bancos americanos protegidos pelo governo federal ou um seu equivalente próximo. Mas isso é apenas parcialmente correto. Depois de ser criticado pela sua opacidade, o principal emissor de stablecoins, a Tether Limited, revelou recentemente que detinha apenas um quarto das suas reservas em dinheiro, contas bancárias e títulos do governo, enquanto detinha quase metade em papel comercial e outro décimo em obrigações de empresas. A segunda maior stablecoin por capitalização, a USD Coin, diz apenas que mantém as suas reservas em instituições depositárias seguradas dos EUA e outros “investimentos aprovados”. O que quer que isso signifique.

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