khrushcheva157_BettmannGetty Images_gorbachevreagan Bettmann/Getty Images

O maior democrata que a Rússia já teve

MOSCOU – “Todos nós precisamos ter perestroika”, dizia com frequência Mikhail Gorbachev. O último líder da União Soviética viveu por esse credo. Após se tornar secretário-geral do Partido Comunista em 1985 e implementar seu programa de reestruturação e de glasnost (abertura), ele até mudou o título de seu cargo, preferindo ser chamado de presidente.

O primeiro e último presidente soviético foi o líder mais democrático que a Rússia (o centro de fato da URSS) teve no último século, para não dizer em toda a história do país. E nos 31 anos desde o colapso soviético, sua crença na paz, compreensão mútua, diálogo e democracia permaneceu inabalável.

Foram esses valores que levaram Gorbachev a retirar a União Soviética de uma guerra desastrosa que durou uma década no Afeganistão e, em 1993, usar o dinheiro de seu Prêmio Nobel da Paz de 1990 para ajudar a financiar a Novaya Gazeta, principal meio de comunicação dos democratas da Rússia, cujo editor, Dmitry Muratov, recebeu seu próprio Prêmio Nobel da Paz no ano passado. Assim como dezenas de outros meios de comunicação independentes, a Novaya Gazeta foi forçada a suspender as operações logo depois que o presidente Vladimir Putin lançou sua “operação militar especial” na Ucrânia em fevereiro.

https://prosyn.org/VwWLpN4pt