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Apenas a alfabetização democrática pode salvar a democracia

OXFORD – Dependendo das suas fontes de informação, a sua visão de como está se está a desenrolar o inquérito de destituição contra o presidente dos EUA, Donald Trump, pode ser muito diferente da dos seus amigos, parentes ou vizinhos. Poderá também pensar que qualquer versão da história que contradiga a sua é simplesmente falsa. Esta falta de consenso nos factos básicos – sendo em grande parte um subproduto das redes sociais – acarreta sérios riscos e o que está a ser feito para resolvê-la não é nem de longe o suficiente.

Nos últimos anos, a necessidade de melhorar a “alfabetização mediática” tornou-se uma exortação favorita daqueles que procuram combater a desinformação na era digital, especialmente aqueles que preferem fazê-lo sem restringir a regulamentação de gigantes da tecnologia como o Facebook e a Google. Segundo a lógica, se as pessoas tivessem conhecimento suficiente sobre a comunicação social, seriam capazes de separar o trigo do joio e o jornalismo de qualidade prevaleceria.

Há um pouco de verdade nesta afirmação. Tal como é perigoso conduzir num lugar onde não se conhece a legislação rodoviária, navegar com segurança no novo ambiente da comunicação social digital – evitando não apenas “notícias falsas”, mas também ameaças como assédio online, pornografia não consensual (“de vingança”) e discursos de ódio – requer conhecimento e consciencialização. Sendo assim, é crucial haver medidas sólidas para melhorar a alfabetização mediática a nível global. Uma comunicação social livre, credível e independente é um pilar de qualquer democracia em funcionamento, essencial para permitir que os eleitores tomem decisões informadas e responsabilizem os líderes eleitos. Diante disso, a alfabetização mediática tem de ser aplicada numa campanha mais vasta para melhorar a alfabetização democrática.

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