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Desigualdade e a Comissão Macron

CAMBRIDGE – As economias avançadas vão se recuperar mais depressa da pandemia de covid-19 do que os países de baixa renda. Ainda assim, elas têm pela frente um conjunto importante e interconectado de desafios nos próximos anos: mudanças climáticas, desigualdade, novas tecnologias, envelhecimento demográfico e imigração. O jeito tradicional de fazer negócios não vai colar em nenhuma dessas áreas, e novas abordagens são necessárias em cada uma delas.

Quando a pandemia começava a ganhar força no início de 2020, o presidente francês, Emmanuel Macron criou uma comissão internacional de economistas para avaliar esses desafios de longo prazo e apresentar propostas de políticas econômicas. Liderada pelo ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional Olivier Blanchard e pelo economista ganhador do Nobel Jean Tirole, a comissão debateu cada uma dessas questões ao longo de vários meses. Propostas interessantes surgiram dos três relatórios produzidos por um subgrupo de autores e divulgadas no fim de junho.

Nós preparamos o relatório sobre desigualdade e insegurança econômica. A França é um caso interessante, porque é uma das poucas economias de grande porte que não experimentou aumento da desigualdade geral, medida por indicadores convencionais como o índice de Gini. No entanto, as lacunas socioeconômicas entre os diferentes estratos não foram fechadas, muitas regiões ficaram para trás na criação de bons empregos e oportunidades econômicas, o desemprego juvenil é muito alto e a mobilidade social continua baixa. Pesquisas de comportamento revelam altos níveis de insegurança econômica, uma percepção significativa de injustiça em relação aos arranjos econômicos existentes e um grande apoio a políticas públicas mais ativas para conter essas tendências.

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