Joseph E. Stiglitz, a Nobel laureate in economics and University Professor at Columbia University, is a former chief economist of the World Bank (1997-2000), chair of the US President’s Council of Economic Advisers, and co-chair of the High-Level Commission on Carbon Prices. He is Co-Chair of the Independent Commission for the Reform of International Corporate Taxation and was lead author of the 1995 IPCC Climate Assessment.
NOVA IORQUE – Enquanto a pandemia de COVID-19 segue enfurecida, mais de 100 países de baixo e médio rendimento ainda terão de pagar um total de 130 mil milhões de dólares do serviço da dívida este ano – cerca de metade destina-se a credores privados. Com muita atividade económica suspensa e receitas fiscais em queda livre, muitos países serão forçados a cair em incumprimento. Outros reunirão recursos escassos para pagar aos credores, cortando nas despesas sociais e de saúde tão necessárias. Outros ainda recorrerão a empréstimos adicionais, de forma a evitar ou adiar o problema, que agora parece ser aparentemente mais fácil por causa da inundação de liquidez por parte dos bancos centrais de todo o mundo.
Desde a década perdida da América Latina na década de 1980 até à crise grega mais recente, há muitos recordações dolorosas sobre o que acontece quando os países não conseguem pagar as suas dívidas. Uma crise global da dívida nos nossos dias levará milhões de pessoas para o desemprego e alimentará a instabilidade e a violência em todo o mundo. Muitos tentarão encontrar emprego no estrangeiro, sobrecarregando potencialmente os sistemas de controlo de fronteiras e imigração na Europa e na América do Norte. Outra crise migratória dispendiosa desviará a atenção da necessidade urgente de fazer face às alterações climáticas. Essas emergências humanitárias estão a tornar-se a nova norma.
Este cenário de pesadelo é evitável se agirmos agora. As origens da iminente crise da dívida são fáceis de entender. Devido à flexibilização quantitativa, a dívida pública (principalmente títulos soberanos) dos países de baixo e médio rendimento mais do que triplicou desde a crise financeira global de 2008. Os títulos soberanos são mais arriscados do que a dívida “oficial” com instituições multilaterais e agências de ajuda de países desenvolvidos porque os credores podem descartá-los por capricho, provocando uma forte depreciação cambial e outras perturbações económicas de longo alcance.
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