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Esta atribuição de DSE tem de ser diferente

BERKELEY – Em agosto, o Fundo Monetário Internacional anunciou, com grande fanfarra, que os seus membros tinham chegado a um acordo histórico para emitir 650 mil milhões de dólares em direitos de saque especiais (DSE, a unidade de conta do Fundo) para fazer frente à emergência da COVID-19. Os DSE são ativos de reserva que os governos, através dos bons ofícios do FMI, podem converter em dólares e outras moedas fortes para pagar importações essenciais, como vacinas. E 650 mil milhões de dólares não são trocos: são quase 1% do PIB mundial. Isto pode fazer uma grande diferença para os países pobres afetados pelo vírus.

O problema é que os DSE são atribuídos de acordo com as quotas dos países, ou direitos de empréstimo automático, dentro do FMI, e a fórmula da quota depende muito do PIB agregado dos países. Como resultado, apenas 3% do total de 650 mil milhões de dólares foram para países de baixo rendimento e apenas 30% foram para mercados emergentes de rendimento médio. Quase 60% foram atribuídos a países de alto rendimento sem escassez de reservas em moeda estrangeira e sem dificuldade de contrair empréstimos para financiar défices orçamentais. Mais de 17% foram para os Estados Unidos, que podem imprimir dólares à vontade.

Esperava-se que os governos e o FMI encontrassem uma forma de os países de alto rendimento transferirem os seus DSE para os países em desenvolvimento necessitados. Até agora, há poucos sinais de progresso nessa direção. Com as reuniões anuais do Fundo a aproximarem-se, em outubro, é hora de a instituição – e os seus membros – dar um passo à frente.

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