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Quando os Direitos de Saque Especiais não são tão Especiais

BEIJING – Com a inauguração do governo do presidente dos EUA, Joe Biden, os apelos para uma nova distribuição dos direitos de saque especiais (DSE), os activos de reserva do Fundo Monetário Internacional, ganharam um impulso renovado. Porém, embora estas propostas sejam supostamente orientadas para apoiar países em desenvolvimento duramente atingidos pela pandemia da COVID-19, os DSE são distribuídos segundo a participação e os direitos de voto dos países no FMI, e não de acordo com as suas necessidades. Assim sendo, a maior parte de qualquer nova distribuição seria direccionada para os países mais ricos.

Isto foi aceitável em Setembro de 2009, quando o FMI tentou atenuar as consequências da crise financeira de 2008 com a emissão de 117 mil milhões de dólares em DSE. A crise referida atingira os países ricos de forma particularmente gravosa, e foram essas economias que justamente mais beneficiaram com a liquidez adicional. Mas agora que os países mais pobres estão a suportar o fardo da crise económica, o cálculo mudou.

Existem uma forte racionalidade económica e humanitária para o apoio aos países pobres. Consideremos África, onde 33 dos 55 países do continente estão classificados como pouco desenvolvidos. Embora o continente tenha sido, em termos relativos, pouco atacado pela doença (com menos de 5% dos casos e óbitos registados em 2020), sofreu desproporcionalmente em termos económicos.

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