vanstaden2_Turkish Presidency  Murat CetinmuhurdarAnadolu AgencyGetty Images_g20 family photo Turkish Presidency/Murat Cetinmuhurdar/Anadolu Agency/Getty Images

O problema africano do G20

CIDADE DO CABO – Este não foi um ano fácil para o G20. A cimeira que reúne os líderes das maiores economias do mundo em 2018 está a decorrer em Buenos Aires, uma cidade que ainda está a recuperar de um colapso cambial. De forma mais genérica, a cimeira realiza-se durante uma fracturação da ordem multilateral. Tudo, desde a NATO até ao consenso sobre as alterações climáticas, parece estar a rebentar pelas costuras.

Mesmo assim, o G20 há muito que se posicionou como um solucionador de problemas globais, tendo sido concebido após a crise financeira asiática de 1997, e emergindo posteriormente como o principal fórum global para resolver o crash de 2008. Uma década depois, a agenda inclui novamente uma crise global, só que desta vez assumiu a forma de uma guerra comercial crescente entre os Estados Unidos e a China.

Ao contrário do que acontecia em 2008, contudo, a capacidade mundial para a tomada multilateral de decisões está a deteriorar-se. A União Europeia continua preocupada com as suas próprias disputas internas, e os Estados Unidos, encabeçados pelo presidente Donald Trump, abandonaram o multilateralismo e enfraqueceram as instituições necessárias à resolução de desafios complexos, como a ameaça do desemprego tecnológico provocada pela automação. E os efeitos do proteccionismo da administração Trump já se fazem sentir. A Organização Mundial do Comérico informou recentemente que, em resposta às tarifas aduaneiras dos EUA, os países do G20 impuseram cerca de 40 novas restrições à importação, que afectam o comércio global em 481 mil milhões de dólares – um aumento de seis vezes comparativamente ao ano passado.

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