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Os Libertadores Caídos de África

OXFORD – Na semana passada, no período de 24 horas, os líderes dos dois principais países africanos renunciaram aos seus cargos. Jacob Zuma da África do Sul cedeu finalmente à pressão exercida pelo seu próprio partido para renunciar à presidência. No dia seguinte, o Primeiro-Ministro etíope Hailemariam Desalegn, anunciou a decisão de demitir-se face aos protestos contínuos em massa e à agitação política.

Em ambos os casos, dois dos partidos de libertação mais antigos de África, que se mantiveram desde que chegaram ao poder pela primeira vez há um quarto de século, foram forçados a afastar os seus líderes devido a um descontentamento popular profundo. A trajectória histórica dos dois partidos é bastante semelhante. No entanto, os efeitos da saída dos seus líderes não poderiam ser mais distintos.

De facto, tanto o Congresso Nacional Africano (ANC) na África do Sul como a Frente Democrática Revolucionária do Povo Etíope (FDRPE) tornaram-se complacentes e corruptos e sofreram uma decadência política ao longo do último quarto de século. Porém, embora a África do Sul tenha instituído um conjunto robusto de salvaguardas institucionais na sequência da sua transição do Apartheid, a Etiópia, após a queda da ditadura de Mengistu Haile Mariam, nunca conseguiu estabelecer instituições nacionais suficientemente fortes para colocar o país a salvo do partido governante.

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