prendergast6_Minasse Wondimu HailuAnadolu Agency via Getty Images_aid in tigray Minasse Wondimu HailuAnadolu Agency via Getty Images

Responsabilização e assistência na Etiópia

WASHINGTON, D.C. – Agora que a guerra civil da Etiópia se converteu num conflito armado aparentemente incontrolável, os Estados Unidos têm de ponderar as suas opções para impedirem mais perdas de vidas. Os EUA já estão profundamente envolvidos nos esforços de mediação de um cessar-fogo, ao colaborarem de perto com a União Africana, a União Europeia e outras partes interessadas. Nessa diplomacia, como na maioria dos processos de paz africanos, os EUA assumiram um papel coadjuvante. Não obstante, podem assumir o comando em dois desafios críticos e vitais: na garantia da responsabilização por violações dos direitos humanos e na prevenção da utilização da fome como arma de guerra.

Todas as partes no conflito cometeram já impressionantes atrocidades em massa, e estes incidentes multiplicar-se-ão com a continuação dos combates. No início do conflito, o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, e o seu aliado, o presidente eritreu Isaias Afwerki, viram uma oportunidade para erradicar o seu inimigo comum, a Frente Popular de Libertação do Tigré (FPLT). As forças governamentais etíopes e eritreias registaram inicialmente êxitos militares, acompanhados por tácticas como violações em massa, limpeza étnica e bloqueios à assistência alimentar. Mas as ofensivas da FPLT e do seu aliado, o Exército de Libertação Oromo, rapidamente reverteram os ganhos militares do governo e, durante algum tempo, puseram a FPLT e o ELO a pouca distância da capital, Adis Abeba, provocando evacuações diplomáticas em massa.

Nestas condições, a FPLT não concordará com um cessar-fogo, sem exigir concessões que Abiy não deverá aceitar, prolongando-se a guerra. Mas as violações dos direitos humanos deverão continuar, mesmo que a FPLT e o ELO acabem por conquistar Adis Abeba. Para criar uma verdadeira responsabilização pelos crimes de guerra e para descobrir avenidas criativas para a distribuição de assistência humanitária, é necessária a liderança dos EUA.

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