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A insensatez de El Salvador com o bitcoin

CAMBRIDGE – El Salvador tornou-se este mês o primeiro país a adotar uma criptomoeda – neste caso, o bitcoin – como moeda corrente. Digo o primeiro, porque há outros que podem fazer o mesmo a seguir. Mas deveriam pensar duas vezes, porque a ideia é altamente duvidosa – e provavelmente perigosa, a nível económico, para os países em desenvolvimento em particular.

Admito que não entendo a necessidade de criptomoedas. À semelhança de muitoseconomistas, não consigo ver que problema é que elas resolvem. Não estão bem projetadas para cumprir qualquer uma das funções clássicas do dinheiro – uma unidade de conta, reserva de valor ou meio de pagamento – porque os seus preços são extraordinariamente voláteis. Esta volatilidade não surpreende, uma vez que as criptomoedas não são garantidas por reservas nem pela reputação de uma instituição bem estabelecida, como um governo ou mesmo um banco privado, ou outra empresa confiável.

Na verdade, o bitcoin e outras criptomoedas nasceram de uma desconfiança anarco-libertária dos bancos centrais. É verdade que muitos bancos centrais, principalmente nos países em desenvolvimento, têm um historial de degradarem as suas moedas. Mas adotar o bitcoin como moeda corrente faz pouco sentido para El Salvador.

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