roubini159_Spencer PlattGetty Images_nyse Spencer Platt/Getty Images

Nuvens sobre 2022

NOVA YORK – Apesar das quedas e turbulências causadas pelas novas variantes da covid-19, 2021 acabou sendo um ano relativamente positivo para economias e mercados na maior parte do mundo. O crescimento ficou acima de seu potencial após a severa recessão de 2020, e os mercados financeiros se recuperaram de forma robusta. Este foi especialmente o caso nos Estados Unidos, onde os mercados de ações atingiram novas máximas, em parte graças à política monetária ultraflexível do Federal Reserve americano (embora bancos centrais de outras economias desenvolvidas tenham buscado suas próprias políticas radicalmente acomodatícias).

Mas 2022 pode ser mais difícil. A pandemia não acabou. A ômicron pode não ser tão virulenta quanto as variantes anteriores - em particular nas economias avançadas altamente vacinadas -, mas é muito mais contagiosa, o que significa que hospitalizações e mortes continuarão altas. A incerteza e a aversão ao risco resultantes disso vão suprimir a demanda e exacerbar os gargalos da cadeia de suprimentos.

Juntamente com o excesso de poupança, demanda reprimida e políticas monetárias e fiscais frouxas, esses gargalos alimentaram a inflação em 2021. Muitos dos banqueiros centrais que insistiam que o surto inflacionário era transitório estão admitindo agora que ele irá persistir. Com vários graus de urgência, eles estão planejando eliminar de modo gradual as políticas monetárias não-convencionais, como a flexibilização quantitativa, para que possam começar a normalizar as taxas de juros.

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