delong232_Jeff GritchenMediaNews GroupOrange County Register via Getty Images_antivax Jeff GritchenMediaNews GroupOrange County Register via Getty Images

O verão dos desastres

BERKELEY – O mundo enfrenta dois desastres que estão tornando a crise do COVID-19 duas vezes pior do que deveria ser. O primeiro é o surgimento da variante Delta, que é duas vezes mais contagiosa e 1,5-2 vezes mais mortal do que o coronavírus original. O segundo desastre é que os governos do Norte Global não disponibilizaram os recursos para aumentar a produção de vacinas na escala necessária para imunizar a população global até o final deste ano. Pior, quanto mais nos atrasarmos nessa questão, maior a probabilidade de que a imunidade fornecida pelas vacinas contra as infecções anteriores por COVID-19 comece a diminuir.

Devido a esses problemas, é muito cedo para começar a falar sobre a economia mundial “pós-pandemia”. A saúde pública deve permanecer como a principal prioridade. Quanto à economia, o foco deve ser manter o motor econômico básico funcionando e evitar um enorme aumento da pobreza. Com a variante Delta em alta, devemos adiar os esforços para restaurar as economias à “normalidade” de pleno emprego até depois de termos alcançado alguma combinação de vacina e imunidade coletiva adquirida.

Afinal, como não podemos saber em que estado estará a economia global daqui a seis meses, ainda não sabemos quais políticas serão mais adequadas para conduzir uma recuperação suave e sustentável. Da mesma forma, devemos rejeitar propostas para “esfriar” a economia mundial, a fim de evitar alguma espiral inflacionária obscura ou um retorno dos vigilantes do mercado de títulos no futuro. A variante Delta não deve ser tratada com frieza mas com redobrada atenção.

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