igoye2_BRIAN ONGOROAFP via Getty Images_ugandacoronavirustest Brian Ongoro/AFP via Getty Images

Como proteger os refugiados durante uma pandemia

KAMPALA – Talvez as intervenções sanitárias mais eficazes na batalha contra a COVID-19 até agora tenham sido comportamentais: o distanciamento social e a melhoria dos hábitos de higiene, especialmente a lavagem das mãos. Para os 70 milhões de desalojados do mundo – sobretudo os milhões que vivem em campos apinhados e em aglomerados informais – estes hábitos podem ser virtualmente impossíveis. Acrescentem-se o acesso limitado a cuidados de saúde, a falta de informações fiáveis sobre o vírus e a preocupação dos governos em proteger os seus próprios cidadãos, e os riscos de surtos devastadores de COVID-19 entre as populações de refugiados aumentam rapidamente.

A Refugees International fez recentemente soar o alarme sobre estes riscos, e providenciou recomendações sensatas para ajudar à sua atenuação, como a redução da sobrelotação e a melhoria da higiene nos campos de refugiados, a suspensão da expulsão de requerentes de asilo e a melhoria da comunicação. Para atingirem estes objectivos, os governos ganhariam em retirar ensinamentos do Uganda, um líder global na protecção aos refugiados.

O Uganda, um país sem litoral e com 43 milhões de pessoas, acolheu 1,36 milhões de refugiados, tornando-se no terceiro maior país de acolhimento no mundo. A maioria fugiu de conflitos em países vizinhos, especialmente do Sudão do Sul e da República Democrática do Congo. Aos requerentes de asilo provenientes destes dois países – que totalizam até agora 985.512 do primeiro e 271.967 do segundo – é concedido no Uganda o estatuto de refugiado na base de prima facie.

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