O LBW* da Índia

NOVA DELI – Um leitor casual dos jornais Indianos nas últimas semanas seria perdoado por se interrogar se o país estaria a ser subitamente privado de controvérsias políticas, de escândalos sexuais, ou de corrupção pública – o padrão normal das parangonas locais. As primeiras páginas dos jornais apenas têm tido espaço – sob cabeçalhos imponentes – para um tópico reservado habitualmente às páginas desportivas: o críquete.

A causa disto não é uma partida especialmente excitante. Em vez disso, o público tem-se indignado com acusações chocantes relativas à Primeira Liga Indiana (PLI) – subornos para decidir partidas, proprietários de clubes a apostar em jogos, e jogadores seduzidos por aspirantes ao estrelato e acompanhantes pagas. Revelou-se que o capitão da selecção nacional tinha um conflito de interesses, e que o genro do funcionário mais poderoso do críquete Indiano estava envolvido numa operação de jogo ilegal, administrada por uma sinistra rede de agentes de apostas.

A polícia, cujas escutas telefónicas conduziram a uma onda de detenções, apresentou queixas que alegam o envolvimento de figuras bem conhecidas do crime organizado. Ligaram até um jogador da equipa nacional Indiana ao fugitivo Dawood Ibrahim, suspeito de ter arquitectado os bombardeamentos de 1993 em Bombaim, que tem estado a monte no Paquistão.

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