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A guerra da conectividade

BERLIM - Muitos observadores há tempo supõem que o futuro da geopolítica será decidido em uma batalha marítima no estreito de Taiwan ou em algum afloramento rochoso ou atol no Mar da China Meridional. Mesmo assim, é provável que pudéssemos aprender mais examinando o tratamento de alguns milhares de refugiados desesperados nos remansos geopolíticos do século 21.

Comecemos pelo Canal da Mancha. Outrora local de alguns dos confrontos mais dramáticos da história - da Armada Espanhola e das Guerras Napoleônicas aos Desembarques na Normandia -, o lugar não é mais um teatro para políticas de superpotências. Em vez disso, as recentes mortes de 27 civis cujo barco inflável virou após deixar a costa francesa transformaram o canal na área de uma tragédia humanitária.

Em vez de trabalhar em solidariedade com a França para erradicar os contrabandistas de migrantes responsáveis pelas mortes, o premiê britânico, Boris Johnson, imediatamente procurou jogar para uma plateia doméstica, culpando os franceses em carta aberta publicada no Twitter. Longe de ser só outro golpe político juvenil, é provável que o abandono da liderança de Johnson tenha consequências terríveis e de longo alcance.

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