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Como se desenrolará a calamidade de Hong Kong

CLAREMONT, CALIFÓRNIA – A decisão da China de reprimir Hong Kong com uma nova legislação de segurança chocou o mundo. Mas para quem tenha lido a resolução emitida no passado mês de Novembro pelo Comité Central do Partido Comunista Chinês, não constitui qualquer surpresa. Na secção desse documento relativa a Hong Kong, o PCC assinala a sua intenção de afirmar o controlo pleno sobre a antiga colónia britânica. Uma legislação nacional de segurança mais restritiva e a implementação de novos mecanismos de aplicação ainda por especificar seriam apenas duas componentes de uma estratégia muito maior e mais abrangente.

Agora que a China está determinada a prosseguir esta estratégia, devemos esperar que cumpra as medidas adicionais anunciadas no passado mês de Novembro. Para além de contornar a legislatura de Hong Kong com uma nova legislação de segurança nacional, o PCC também pretende alterar os procedimentos de nomeação do presidente e dos principais responsáveis da cidade. Vai fortalecer as capacidades de aplicação da lei de Hong Kong e conduzir uma campanha para inculcar “consciência nacional e espírito patriótico” nos funcionários públicos e jovens de Hong Kong. O objectivo consiste em integrar muito mais estreitamente a economia da cidade com a do continente. E como se a muito temida legislação de segurança não fosse suficientemente má, o pior ainda está para vir.

Em qualquer caso, a implementação da legislação de segurança será provavelmente suficiente para acabar com o denominado modelo de governação de um país, dois sistemas, mantido pela cidade desde que voltou ao domínio chinês, em 1997. Segundo comentários de um presidente adjunto do comité permanente do Congresso Nacional do Povo (CNP), o Artigo Quarto da legislação proposta autorizará o estabelecimento em Hong Kong de delegações permanentes e operacionais de “agências do governo central relevantes para a segurança nacional”.

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