zhang63_STRAFP via Getty Images_china factory STR/AFP via Getty Images

Como a China cria o próprio mercado

XANGAI – Tornou-se cada vez mais claro nos últimos anos que a China começou a abandonar o seu modelo de desenvolvimento econômico orientado para exportações para uma estratégia de “ circulação interna ” que enfatiza a expansão da procura interna. Embora isso pareça um passo natural, criar um mercado interno suficientemente grande para um país de 1.4 bilhões de pessoas provou ser uma tarefa mais complicada do que muitos economistas e analistas previam.

Ao longo das últimas décadas, o crescimento econômico da China dependeu grandemente das exportações industriais e do investimento de capital. Entre a década de 1990 e o início da década de 2010, a estratégia bem sucedida de promoção das exportações do país facilitou a integração da China na economia global e impulsionou seu rápido desenvolvimento. Embora a China não tenha abandonado a estratégia de substituição de importações durante este período, sua abordagem “focada no exterior” combinou estratégias de “tornar-se global” e de “voltar-se para dentro” para atrair investimento estrangeiro, promover joint ventures, concentrar-se em exportações de mão-de-obra intensiva e acumular enormes reservas cambiais .

A vasta extensão territorial da China permitiu ao país solidificar sua posição como centro industrial mundial. Mas seu modelo de crescimento notavelmente bem sucedido está produzindo retornos decrescentes. Ao longo da última década, a China sofreu uma profunda mudança demográfica semelhante às anteriormente observadas no Japão e na Coreia do Sul. Juntamente com uma taxa de natalidade em rápido declínio, a geração nascida durante o baby boom das décadas de 1960 e 1970 –  pilar fundamental do rápido crescimento da China desde a década de 1980 – está agora se aproximando da aposentadoria prevendo-se que cerca de 20 milhões de pessoas abandonem a força de trabalho anualmente durante a  próxima década. Os efeitos combinados do envelhecimento da população e da política do filho único (que foi abolida em 2016, após 36 anos) resultaram no aumento da poupança das famílias  complicando os esforços da China para impulsionar o consumo interno.

https://prosyn.org/aQHtUP9pt