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O custo crescente do governo de ditadura no Camboja

PARIS – No dia 4 de Abril, um grupo de associações de compradores internacionais das indústrias do vestuário, do calçado, de artigos desportivos e de viagens enviou uma carta ao primeiro-ministro cambojano Hun Sen a expressar preocupações sobre práticas de trabalho abusivo e violações dos direitos humanos. Neste momento, o acesso livre de impostos do Camboja ao vasto mercado da União Europeia, concedido ao abrigo do regime Tudo Excepto Armas, está em risco de ser suspenso (TEA) devido a tais violações.As associações advertiram que, se o país for excluído permanentemente do TEA e de outros acordos comerciais preferenciais, os seus sectores - e a economia do Camboja - sofrerão um duro golpe.

Hun Sen afirma que a comunidade internacional está a criticar injustamente o Camboja. Porém, a verdade é que a intensificação da pressão sobre o país é consistente com uma mudança global mais ampla, na qual o investimento é cada vez mais orientado - senão mesmo ditado - por factores ambientais, sociais e de governança (ASG).

Longe estão os dias em que o desempenho ASG forte era um bónus agradável para os investidores. Os administradores de pensões e os gestores de fundos actualmente insistem em que as empresas nas quais investem operem de forma ética e transparente que limite o risco de reputação. As decisões de investimento em fundos de mercados emergentes são, desta forma, cada vez mais precedidas por exames ASG rigorosos - nos quais, após 34 anos do regime ditatorial de Hun Sen, o Camboja não tem qualquer hipótese de ser aprovado.

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