A Crise de Ideias do Conservadorismo Americano

BERKELEY – Neste momento, sobre o canto esquerdo da minha secretária estão três livros recentes: The Battle de Arthur Brook, Coming Apart de Charles Murray, e A Nation of Takers de Nicholas Eberstadt. Juntos, representam um importante movimento intelectual, que é aliás também um dos maiores responsáveis pelo facto de o conservadorismo Americano actual ter tão pouco a dizer de construtivo sobre como gerir a economia – e tão pouca aceitação por parte do centro do eleitorado Americano.

Mas recuemos na História, até à fundação do que poderíamos chamar de conservadorismo moderno, na Inglaterra e França do início do século dezanove. Alguns houve – vêm à memória Frédéric Bastiat e Jean-Baptiste Say – que acreditavam que o governo devia pôr os desempregados a trabalhar na construção de infra-estruturas quando os mercados ou a produção se encontrassem temporariamente afectados. Mas esses eram contrabalançados por aqueles como Nassau Senior, que se pronunciava até contra o combate à fome: Apesar de morrer um milhão de pessoas na Irlanda durante a Grande Fome de 1845-1849, “isso estaria longe de ser suficiente.”

O principal impulso do conservadorismo inicial consistia numa oposição radical a qualquer forma de segurança social: se tornássemos os pobres mais ricos, eles ficariam mais férteis. Como resultado, o tamanho das explorações agrícolas diminuiria (à medida que as terras fossem divididas por mais filhos), a produtividade do trabalho cairia, e os pobres tornar-se-iam ainda mais pobres. A segurança social não era apenas inútil; era contraproducente.

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