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A inteligência artificial e o Sul Global

RIO DE JANEIRO – Os últimos meses podem ser recordados como o momento em que a inteligência artificial (IA) preditiva se tornou a tendência dominante. Embora os algoritmos de previsão estejam em uso há décadas, o lançamento de aplicações como o ChatGPT3 da OpenAI – e a sua rápida integração com o mecanismo de pesquisa Bing da Microsoft – pode ter aberto as portas para a IA de fácil utilização. Poucas semanas depois do seu lançamento, já o ChatGPT3 tinha atraído 100 milhões de utilizadores por mês, muitos dos quais, sem dúvida, já vivenciaram o seu lado sombrio – dos insultos e ameaças, à desinformação e capacidade demonstrada de escrever códigos maliciosos.

Os chatbots que estão a gerar títulos nas capas dos jornais são apenas a ponta do iceberg. A IA para a criação de texto, discurso, arte e vídeo está a progredir rapidamente, com implicações de longo alcance para a governação, comércio e vida cívica. De forma não surpreendente, o capital está a inundar o setor, com governos e empresas a investir em startups para desenvolver e implantar as mais recentes ferramentas de aprendizagem automática. Estas novas aplicações combinarão dados históricos com aprendizagem automática, processamento de linguagem natural e aprendizagem avançada para determinar a probabilidade de eventos futuros.

Decisivamente, a adoção do novo processamento de linguagem natural e IA generativa não se limitará aos países ricos e a empresas como a Google, a Meta e a Microsoft que lideraram a sua criação. Essas tecnologias já se estão a difundir em contextos de baixo e médio rendimento, onde a análise preditiva para tudo, desde a redução da desigualdade urbana até à abordagem à segurança alimentar, é uma gigantesca garantia para governos, empresas e ONG sem dinheiro que procuram melhorar a eficiência e desbloquear benefícios sociais e económicos.

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