ebobisse1_FADEL SENNAAFP via Getty Images_solar power africa Fadel Senna/AFP via Getty Images

Como pode África autofinanciar a sua recuperação económica

CASABLANCA – Para África, a pandemia de COVID-19 traduzir-se-á provavelmente num crescimento negativo do PIB a taxas inéditas. Além disso, vários países africanos já estão a enfrentar as consequências de um colapso do preço das matérias-primas, um outro factor importante para as actuais tendências recessivas.

O continente tem agora de pilotar a recuperação económica ao mesmo tempo que constrói resiliência a choques futuros. Desde o fortalecimento do sector da saúde até ao fomento do crescimento económico alargado, os líderes africanos precisam de desenvolver novas estratégias para a resolução de desafios estruturais. Com os parceiros externos do continente também atingidos pela COVID-19 e preocupados com as suas próprias necessidades internas, e com a saída de capitais dos mercados emergentes (nomeadamente, de África) a um ritmo histórico, mesmo antes da pandemia, os decisores políticos de África precisam de virar-se para dentro.

Uma solução possível consiste num programa em larga escala para investimento em infra-estruturas, parcialmente financiado pela mobilização de recursos nacionais através da reciclagem de activos, que permite aos governos libertarem capital empatado em algo que já possuem. Ao disponibilizarem estes activos mediante regimes de concessão a investidores credíveis do sector privado, os governos poderiam libertar financiamento para novos projectos críticos. Estas concessões asseguram fluxos de receita no longo prazo e novas oportunidades de investimento em infra-estruturas que deverão atrair mais capital de investimento a África. Portanto, a reciclagem de activos pode ajudar a saldar o enorme défice de financiamento em infra-estruturas do continente, avaliado pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) entre os 60 e 108 mil milhões de dólares anuais.

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